terça-feira, 11 de novembro de 2008

NOVO ENDEREÇO!!!!!!!!

Olá!

De hoje em diante estarei com um novo endereço de blog, a única diferença é que mudei para wordpress...


NOVO ENDEREÇO DO BLOG:

http://feijaocomchocolatenocafedamanha.wordpress.com/

entre, comente, adicione aos seus favoritos!!!


beijos e obrigada por acessar!!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Amputação de dedo?

Eu resolvi fazer um estudo peculiar. Escolhi duas vítimas, uma delas eu falo até hoje, outra, eu não falava faz tempo, mas já fui muito amiga. O caso é que eu inventei que ia amputar um dedo.

Mas como assim AMPUTAR UM DEDO? Exatamente, amputar um dedo! A idéia veio extremamente ao acaso, pois eu tinha posto no nick do meu msn "amputar o dedo", fruto de uma brincadeira que eu fiz com a minha mãe depois de machucar o dedo, que eu ficava falando que ia ter que amputar e ela ficava rindo. Só umas 4 pessoas do meu msn inteiro vieram perguntar se eu ia amputar o dedo, e pra duas delas eu falei que ia.

Eu as escolhi por um critério: local. Uma é do meu antigo colégio, que eu não falava faz tempo, mas já fui muito amiga. Outra era da faculdade, e eu falo até hoje em intervalos regulares. Eu só queria ver qual seria a repercussão gerada de uma coisa como essa.

O resultado disso foi que em um dia 3 pessoas me ligaram desesperadas pra saber se eu ia amputar o dedo, todas da faculdade. Falaram que o Fernando, o menino da faculdade feito de vítima, estava preocupadíssimo comigo, queria saber mais, perguntando quando seria operação e tudo, muito triste por tudo o que tinha acontecido comigo. O menino do colégio não só não pareceu se importar muito como tentou me vender convites de uma festa logo após eu ter falado da suposta amputação.

A conclusão disso tudo eu não entendi direito ainda. Será que velhos amigos deixam de se importar com o tempo? Ou será que essa amizade nunca chegou realmente a ser uma amizade? Será que só as pessoas que convivem com você se importam com você, ou será que aquelas que você conviveu há muito tempo, no fundo ainda sentem o mesmo? Afinal, como é que isso acontece?

Olha que eu so expert nesse assunto de terminar amizades (vide meus 16 anos), mas acho que só sendo uma das outras pessoas pra responder essa pergunta, porque se eu fosse responder, eu diria que no fundo ainda sinto o mesmo, ou quase isso.


PS.: Fe, sinceramente, eu não sabia que você ia se preocupar assim tanto, por isso te peço desculpas!!!

domingo, 21 de setembro de 2008

Morte.


A minha vida inteira eu sempre falei pra todo mundo que não tinha medo de morrer, sempre que o assunto vinha à tona, eu sempre era a corajosa da turma. “Morrer? Ué, acontece com todo mundo, não é mesmo?”

Pura balela.

Eu acho que eu nunca tinha parado realmente pra pensar sobre isso quando eu falava que não tinha medo. É fato que acontece com todo mundo e todo mundo sabe disso, mas não sei se muita gente pára pra pensar: eu vou morrer. Um dia eu vou deixar de enxergar, de sentir, de falar, de me mexer, e todo o resto, porque eu vou morrer.

Eu não sei porque esse ano eu tenho pensado tanto nisso, nunca foi desse jeito. A minha vida inteira eu vivi como se ela fosse eterna, como se a realidade da morte fosse extremamente distante e eu não tivesse que me preocupar com isso agora.

Sempre vivi esperando..esperando por tudo o que eu sempre quis fazer e ainda não fiz. Sempre achei que um dia faria tudo o que já tive vontade, mas a verdade é que eu não vou fazer. Eu não vou dançar bem, eu não vou ser ginasta e eu não vou ser a pessoa mais inteligente do mundo. Eu não vou cantarolar em um lugar qualquer e um olheiro vai me ouvir sem querer e gostar da minha voz (que por sinal é feia) e me chamar pra ser cantora.

Eu não vou fazer nada disso, eu vou é morrer.

Esse não é mais um texto de incentivo a viver a vida intensamente, como todos esses que eu vejo por aí, esse é um texto pé no chão, o primeiro da minha vida.

Não é questão de fazer tudo ao mesmo tempo, o quanto antes puder e uhuuul. É que eu vou morrer. Você vai morrer. Os meus e os seus pais vão morrer, se é que já não morreram. Seus irmãos, cônjuges, e todo mundo que você conhece vai morrer, e seus bichos de estimação também.

Eu não sei se qualquer outra pessoa é capaz de me entender, e de entender o que eu sinto quando eu penso nisso. E não é que eu penso nisso uma vez ao mês, eu penso exatamente todos os dias. É um saco, me incomoda, eu fico triste, eu choro, mas fazer o que? Eu vou morrer de qualquer jeito.

Eu imagino como que vai ser o meu leito de morte. Se eu vou estar num hospital com toda a minha família, se eu vou conseguir dar tchau pra todo mundo ou se vai ser em um acidente inútil e rápido. Por um lado seria bom ser assim rápido, porque não dá nem tempo de pensar na idéia da morte, mas para os outros seria como um choque.

Outro dia morreu um menino que estudava comigo no pré, e da maneira mais imbecil que eu já vi. Todo mundo ficou assustadíssimo, inclusive eu. É incrível como morte precoce assusta as pessoas, mas acontece. As pessoas falam que não é a ordem natural das coisas, morrer o filho antes do pai, mas mesmo assim, acontece. Pode ser que seja injusto, mas de novo, acontece.

Eu já falei pros meus pais que se eu morrer antes deles, eu quero ser enterrada de pijamas. Nada daquela babaquice de por o vestido mais bonito e maquiar o defunto não. Quero ir de pijamas confortáveis e sem maquiagem, assim como se estivesse indo só dormir. E também não quero ninguém chorando por mim o resto da vida, porque já que a pessoa ta viva, então viva né, não adianta nada ficar chorando por alguém morto já que um dia você também vai morrer.

É LÓGICO que isso eu falo pros outros só pra ser mais fácil, porque se uma formiga morre, eu choro o dia todo praticamente. De verdade, uma vez na segunda série mataram uma mariposa no pátio do colégio e eu comecei a chorar, e todo mundo faz piada com isso até hoje. Eu não acho que é nenhuma piada até hoje também.

Eu sei que eu sou exageradamente sensível às vezes, mas eu me pergunto se sou eu que sou sensível ou se são os outros que se esqueceram de como é ser sensível. Claro que não é nada legal viver assombrada pelo dia da morte, mas eu acho que eu prefiro viver assim a não ligar pra mais nada.

Eu não entendo muitas coisas desse mundo. Eu nunca quis ser reconhecida pelo dinheiro, pela fama, por nada disso, eu sempre quis cativar as pessoas com o meu próprio jeito. Eu queria ser um exemplo de pessoa, e não quero que minha casa seja um exemplo de casa ou meu cabelo e minhas roupas sejam um exemplo de cabelo e roupas. Eu nem uso brincos, pelo amor de Deus.

Eu só não sei se eu sou um exemplo de pessoa para os outros ou se eu gosto tanto de ser como eu sou, que eu fico achando que todo mundo gostaria de ser como eu.

Mas isso é só uma opinião minha, uma pessoa que um dia vai morrer.

E eu não quero morrer.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eu.

Eu já estive em quase todas as partes do planeta.

Me mudei várias vezes para Londres depois de um acontecimento traumático, para começar uma nova vida. A primeira vez que eu fui para lá, a minha família foi junto, e nós moramos em uma casa linda de colunas. Meu quarto era no sótão, e tinha até aquelas escadinhas pra subir. Na casa da frente, morava Daniel Radcliffe, e fiquei amiga dele e de todos seus amigos. Íamos para a escola juntos toda manhã, e certo dia ele me fez alguma coisa ruim, e a gente brigou. Depois de milhares de pedidos de desculpas, eu o perdoei e fomos felizes para sempre.

Várias outras vezes eu fui para lá, como modelo do Fashion Week, estudante universitária, dançarina de hip hop e cantora.

Normalmente eu começo cantando em um pub escuro no subúrbio, até que as pessoas vão gostando cada vez mais de me ver cantar e o pub fica famoso, trazendo vários músicos para cantar comigo, como Rufus Wainwright e Bryce Avary.

Já cantei também em festival de escola, de faculdade, sempre uma surpresa para as pessoas que me conhecem e não sabiam desse meu lado. O interessante é que na minha banda, todo mundo toca todos os instrumentos e todo mundo canta, durante os shows nós fazemos rodízios. Claro que eu canto a maioria das músicas, porque geralmente eu sou a melhor no vocal, e claro que também eu sou a única menina da banda, porque tenho que ser o centro das atenções.

Eu sou a melhor dançarina de hip hop do momento, e quem me ensinou tudo foi Chris Brown. Com isso, participo de batalhas de hip hop que acontecem nas festas da ESPM ou no Banana’s, e sempre ganho. Já dei show em abertura de economíadas, porque no economíadas sempre tem uma abertura em um ginásio gigantesco, aonde eu danço hip hop, ando de skate, patins, e eu e meus amigos dançamos e cantamos o tempo todo.

Já dei aula de dança e ganhei concursos de dança latina. Já tive participações incríveis em shows do Eminem e do U2 e fiquei tipo melhor amiga deles depois. Não foram poucas as vezes que alguém me ouviu cantar sem querer em uma sala de aula e descobriu q eu tenho a voz mais bonita do mundo. A quadra inteira da ESPM já começou a cantar como num musical e a sala também. Eu sempre tocava guitarra em cima da mesa.

Sou uma ginasta incomparável, já lutei capoeira e fiz um amigo golfinho no mar. Já tive ciúmes de muitas garotas e depois fiquei melhor amiga delas, e me destaco em todos os esportes. Costumo falar com muitos animais e aprender bastante com eles, baleias orcas me entendem como ninguém.

Fui surfista na Austrália, na Califórnia, e humanitária na África. Outro dia mesmo um jovem de uns 17 anos veio querer me assaltar no farol e eu pedi para ele entrar no carro. Surpreso, ele entrou, e eu o levei para meu trabalho no zoológico. Ele nunca tinha ido ao zoológico e como bióloga, expliquei tudo sobre os animais pra ele e ele ficou muito emocionado e aprendeu muito. No final do dia, eu conversei com meu superior e o convenci a deixar o assaltante estudar na nossa faculdade de biologia que ficava dentro do zoológico, contanto que ele trabalhasse na manutenção do local nas horas vagas.

Nada mais legal do que ser um anjo escolhido por Deus. Quando completei 16 anos, os padres do meu colégio me chamaram e me contaram quem eu era, e que eu estava ali porque minha tarefa era destruir o anticristo, que não era nada mais nada menos do que meu namorado. E mais, contaram que ele sabia de tudo isso, mas que sabendo como meu coração era bom, eu não poderia matá-lo se o amasse, e que ele planejava me matar logo logo. A partir daí, entrei em um severo treinamento para dominar minhas habilidades. Aprendi a lutar e aprendi maldições em latim para acabar com meu adversário. O que eu tive mais dificuldade foi em me transformar em anjo, afinal minha aparência humana era só um disfarce, mas com o tempo eu consegui. Um dia, na escola, me descontrolei um pouco e minhas asas sem querer apareceram, e meu namorado viu. Quando ele descobriu, tivemos uma batalha alu-ci-nan-te, e no final eu o derrubei, pronunciei algumas palavras em latim e o mandei para o inferno para sempre.

Fui muito homenageada, andei de Jet Sky Voador, dormi na escola, fiquei presa em lugares com gente que eu não gostava e acabei virando amiga da pessoa, fiz muitas viagens, convenci muitos assassinos a não fazerem o mal apenas pelo uso da palavra, e às vezes bati neles mesmo. Fui também a primeira pessoa do mundo a ganhar um Prêmio Nobel sendo adolescente.

Já fui astronauta, explorei o espaço, e também o fundo do mar. Fiz descobertas importantíssimas para a ciência e o mundo. Acabei com a corrupção e fui um exemplo para as crianças de hoje em dia, trabalho voluntário é uma das coisas que eu mais faço.

Mas como ninguém é de ferro, também sou rica e dinheiro nunca é problema, mas eu ganho ele fazendo coisas que eu gosto. Casei em uma catedral e tive dois filhos, um menino mais velho e uma menina mais nova. Eles se dão super bem, e eu sou a melhor mãe do mundo, ensino aos meus filhos valores, e não deveres.

Minha casa parece uma floresta, eu tenho animais exóticos e animais normais, entre eles cães, gatos, coelhos, tigres brancos, leões, cacatuas e belugas, orcas, golfinhos, pingüins e focas.

Durante toda a minha vida eu sempre fui uma pessoa de respeito, nunca passei por cima de ninguém para conquistar o que tenho, e o amor dos outros é a única coisa que realmente importa para mim (vida real ou vida de pensamento).

Nessa altura aposto que todo mundo já sabe como é que eu faço tudo isso.

É sem nem sair de casa.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Mundo do Sono.

Existe um lugar para onde todos nós vamos todos os dias, um lugar chamado Sono.

Todo mundo sabe o que é o Sono, como ele acontece e suas conseqüências, mas ninguém sabe para onde realmente vamos quando estamos dormindo.

Muitos falam em Sono REM, Sono NREM, estágios 1, 2 3 e 4, etc etc, mas como saber para onde vai a nossa consciência nesse tempo?

Foi aí que eu decidi fazer a Viagem do Sono, para descobrir todos os mistérios que rodeiam as nossas noites.

Os preparativos da viagem eram simples: eu só teria que flagrar uma pessoa quase dormindo e me agarrar à sua alma, para que ela me levasse junto rumo ao nosso destino, então foi isso o que fiz.

Com muita cautela, esperei silenciosamente Cassio dormir. Era muito importante que ele não soubesse o que eu estava tramando, se não era capaz que ele não conseguisse dormir profundamente. Quando a sua respiração começou a ficar mais pesada, percebi que essa era a hora, então cuidadosamente me prendi à alma dele e partimos em nossa jornada.

Confesso que tudo o que vi foi totalmente inesperado, e peço-lhes para não contar meus relatos a ninguém. Não sei o que aconteceria se muitas pessoas ficassem se agarrando às almas das outras para ir para o mundo do Sono, ele não foi feito para corpos de carne e osso.

Quando partimos, fomos direto para cima, em direção ao espaço. Fiquei com medo de ficar sem ar, de me soltar e cair, mas logo deu para ver que não era o espaço de verdade, era um outro tipo de espaço, e percebi também que se eu me soltasse nada aconteceria comigo, pois havia uma espécie de campo em volta de nós que não nos deixava mudar de direção.

Esse tal de campo nos deixou em uma pequena nuvem. Obviamente vocês devem estar pensando “Nuvem? No espaço?” Mas como eu disse antes, esse espaço era diferente, ele tinha nuvens. Ao chegarmos à nuvem, Cassio começou a se mover de um modo estranho, e então percebi o que ele estava fazendo, ele estava comendo a nuvem enquanto dormia! Achei muito esquisito, mas entrei no clima e dei uma pequena mordida também. Ao morder, um grande espanto! Não era nuvem coisa nenhuma, se tratava de um gigantesco algodão doce! Parece que a tarefa era comê-lo, então ajudei ele a comer.

Quando só faltava o pedaço de algodão em que estávamos sentados, eu fiquei em dúvida se deveria comê-lo ou não, afinal, cairíamos, mas Cassio parecia não apresentar dúvida nenhuma, e comeu o pedaço restante de algodão que nos segurava.

Imediatamente caímos, e continuamos caindo por mais ou menos 30 segundos, até atingirmos um grande mar. No mar, havia milhares de pessoas boiando, assim como nós, e me dei conta de que deveriam ser todas as pessoas que estavam dormindo no momento.

Em meio aos corpos flutuantes, havia barcos pequenos, como canoas, e dentro se encontravam os Sentinelas Azuis. Eram homens belos, altos e fortes, e pareciam ter um único propósito: vigiar. Quando reparei melhor, vi que eles levavam consigo arco e flechas, mas não sabia o porquê.

Foi então que eu vi. O sentinela ao nosso lado começou a atirar em uma criatura enorme. Não consegui ver exatamente do que se tratava, mas vi algo assustador, parecido com um rabo gigante, como de um dragão. Esses bichos assustadores estavam puxando algumas pessoas aleatoriamente para o fundo do mar, e fiquei com medo que me puxassem também.

Enfim chegamos à terra firme, sãos e salvos. Olhei ao redor e vi milhares de ilhas iguais a ilha em que nós nos encontrávamos, cada uma com um grande farol no centro. Também não havia plantas, somente areia, e milhares de pessoas deitadas, distribuídas cuidadosamente pela superfície. Ao redor das ilhas existiam mulheres, todas vestidas de branco e com um olho só no centro da testa. A visão era grotescamente bonita, eu não sabia se sentia atração ou repulsa pelas moças de branco.

De repente um daqueles seres do mar veio em direção à ilha e atacou uma das mulheres. Agora eu podia ver que não se tratavam de dragões, mas de algo que eu nunca tinha visto antes. Ele tinha corpo de enguia, porém com patas, e rabo de dragão. Sua cabeça era o mais assombroso de tudo, tinha feições de tigre, e consistência de peixe pedra.

Um grupo de mais ou menos dez moças de branco se juntou para combater o tal monstro e de seus olhos saiu uma luz fortíssima, tão forte que demorou alguns minutos para que eu pudesse enxergar novamente, e quando pude ver, o monstro tinha ido embora.

Enquanto eu ainda me recuperava do susto, escutei uma voz me chamando: “psiu, ei, psiu”. Virei-me para ver o que era e dei de cara com um anão muito velho e fui em sua direção.

O velho anão se chamava Norberto, e ele me explicou tudo sobre aquele mundo. Eu perguntei sobre os vigilantes azuis, as vigilantes brancas de um olho só, os monstros do mar e tudo mais. Ele me disse que os Sentinelas Azuis protegiam o mar dos monstros e as Sentinelas Brancas protegiam a terra dos monstros, porque eles também podiam andar na terra.

Até aí eu já fazia um idéia que eles serviam para isso, mas não podia imaginar o que acontecia com as pessoas que eram pegas pelos monstros, então ele me disse que aquelas que eram pegas, eram levadas para um lugar chamado Abismo do Pesadelo.

O Abismo do Pesadelo não é nada mais nada menos do que um lugar para se ter pesadelos. Isso quer dizer que quando uma pessoa começa a ter um sonho ruim é porque um desses monstros a pegou e levou-a para o abismo, e a tarefa dos vigilantes era assegurar que as pessoas tivessem sonhos bons.

Mas às vezes não era preciso ser pego por um dos bichos para ter pesadelo. O Norberto me contou que quando as pessoas vão dormir muito pesadas, com muitas preocupações, elas acabam afundando sozinhas.

Aquele lugar era realmente bonito, seria um bom lugar para viver. Mas então o velho anão me disse que lá era impossível para pessoas normais dormirem, e que ele não dormia há anos. Ele já nem fazia idéia há quanto tempo ele chegou na ilha, mas ele tinha noção de que envelhecera muito mais rápido do que o normal, foi como se tivesse envelhecido décadas em pouquíssimo tempo. E também me contou que na verdade ele nunca fora um anão, mas que acabou encolhendo naquele lugar.

Na mais lógica obviedade, perguntei por que ele não voltava para o nosso mundo, e ele me disse que no dia em que chegou, se maravilhou tanto com o lugar que se esqueceu de voltar, perdendo a pessoa com que veio para sempre. Acontece que uma vez amarrado à alma de uma pessoa, só se pode voltar pela mesma pessoa, e desde que ele se perdeu, ele tenta achar suas amarras, mas são tantas pessoas que nunca conseguiu.

Depois da nossa conversa, me despedi e tratei de achar o Cassio rapidinho, e no momento que eu o achei, ele estava começando a flutuar novamente em direção ao mar. Me senti muito aliviada de ter chegado a tempo, mas quando fui me agarrar a ele de novo, algo me puxou para trás. Era Norberto. Ele não queria que eu fosse embora, fazia muito tempo que ele não conversava e nem via ninguém desperto.

Em meio ao meu desespero para me soltar de Norberto, um dos monstros esquisitos pulou da água para a terra, diretamente em cima do anão. Rapidamente me agarrei ao Cassio e vi o anão sendo arrastado para o fundo de relance, e depois luzes muito brancas.

Ceguei por um instante.

A próxima coisa que vi foi o teto do meu quarto e meu namorado, são e salvo, ao meu lado.

Ele acordou e me perguntou se estava tudo bem, pois parecia que eu tinha acordado assustada. Eu disse que estava tudo ótimo, e virei para o outro lado.

Olhei para o relógio e só tinham se passado 18 minutos desde que havia olhado pela última vez.

Passei as próximas duas horas acordada repassando em minha mente tudo o que tinha visto. Olhei pro Cassio, agora dormindo de novo, e podia imaginar exatamente onde ele estava agora. E pensar que ele não fazia a menor idéia da onde eu havia estado, e da aventura que passamos juntos naquela noite.

De repente fiquei com medo de nunca mais conseguir dormir de novo, como Norberto, mas era só um medo bobo, logo eu dormi.

No dia seguinte, ao recordar de meus sonhos, percebi que não tinha tido nenhum pesadelo.

Aparentemente, os Sentinelas andam fazendo um ótimo trabalho no Mundo do Sono.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Mergulhando em bananeiras.

Em alguma época da história, foi inventado o tempo. Claro que o tempo sempre existiu, mas a consciência do próprio nem sempre. Os humanos começaram a sentir a necessidade de controlar tudo o que faziam, e atribuíram essa função ao tempo. Com a chegada do tempo, vieram também as obrigações, e com isso, a rotina.

Dia comum de uma pessoa comum: acordar na mesma hora todo dia. Tomar o mesmo café da manhã, o mesmo banho, ler o jornal daquele respectivo dia. Sair de casa para ir para o mesmo lugar, pegar o mesmo trajeto com o mesmo trânsito. Trabalhar na mesma mesa, com o mesmo computador, conversar com as mesmas pessoas sobre os mesmos assuntos chatos e supérfluos, almoçar no mesmo lugar, voltar ao trabalho de novo, e no final do dia pegar o mesmo caminho ao contrário, desta vez com mais trânsito ainda. Chegar em casa, comer, tomar banho, dormir. E ainda se preocupar com quantas horas vai dormir para que no dia seguinte possa repetir a mesma coisa novamente.

Quantas vezes por dia ouvimos ou pensamos coisas como “não vai dar tempo”, ou “é hora do almoço, do jantar, da novela, etc.”? Ou ainda “Já era hora” “Você está atrasado”, e tudo mais? Quantas vezes não nos preocupamos com os milhões de horários, de afazeres, de complicações?

As pessoas são praticamente obrigadas a almoçar entre o meio dia e as duas da tarde, só porque todo mundo faz igual. Comer salada e fazer exercícios só porque faz bem, assistir ao noticiário só para não se passar por ignorante. “Não durma tarde” “Não beba isso” “Não chegue depois da meia noite” “Não admito” “Não deixo” “Não quero” NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO E NÃO!!!!!!!!!!!!

No final das contas, a única coisa que estão querendo nos dizer é: “Não mergulhe muito fundo. Fique no raso, na margem de segurança, veja como aqui é seguro, aqui você não pode se afogar.”

O objetivo deste texto não é ir contra todos os costumes da sociedade, é sobre descobrir uma verdadeira paixão. Algo que te faça mergulhar de cabeça, bem lá no fundo, e não ter medo de se afogar.

Se eu amo tomar sorvete, porque não posso fazê-lo no frio? Se eu me sinto muito mais confortável descalça, porque teria que usar sapatos? Se eu quiser almoçar às três da manhã, o que isso muda? Se eu quiser passar minha vida inteira plantando bananeira, isso muda minha relação com as pessoas ao meu redor? Vão me achar louca e por isso me abandonar? Vão tentar me convencer de que ninguém vive só de plantar bananeiras ao ar livre? Pois eu lhes digo: se plantar bananeiras for minha paixão, bananeiras plantarei.

Todos nós deveríamos agir de acordo com as nossas vontades e não de acordo com um consenso imposto pelo mundo. Não está com sono? Não durma. Está com sono? Durma. Simples assim. Não gosta do seu trabalho? Demita-se, dinheiro só é problema se você lhe der importância. Não, não acho que todos devemos fazer festa nas ruas e vagabundear por aí. O que eu digo é muito mais do que isso, é ser sincero consigo mesmo. Como já disse, não falo de anarquia, falo de paixões com propósitos.

Falo de quebrar a rotina, de dar menos importância a coisas que não deveriam ser tão levadas a sério. Falo de chacoalhar a pessoa ao lado e perguntar se ela realmente está satisfeita com a sua vida de pessoa comum. Se estiver, ótimo, nada melhor do que estar satisfeito. Se não estiver, faça-a a perceber que vida só há uma, e que não adianta ficar esperando algo de extraordinário acontecer sentado em uma cadeira.

E não falo daquela baboseira toda de carpe diem, aproveitar a vida ao máximo, fazer tudo ao mesmo tempo por achar que lhe falta tempo. O tempo é a coisa mais besta que a humanidade inventou. Deveríamos viver de acordo com nós mesmo, e não de acordo com o tempo, seja aproveitando-o ou jogando-o fora, o que mais lhe convier.

Em um resumo simples: Mergulhe em bananeiras. Ter medo de se afogar é inevitável, mas uma vez que você chega ao fundo, será como nada que você já viu antes.

Copos.

Eu acho fantástica a idéia de comprar um requeijão, e de quebra, ganhar um copo. Não existe coisa mais simples e prática do que isso. Precisa de um copo? Compre um requeijão.

Quando eu era pequena eu adorava copos de requeijão. Principalmente aqueles todos coloridos com desenho. Quando eu viajava para Tatuí com o Nerilis, na casa dele sempre tinha copos com desenho, eu achava muito legal.

Aí eu fui crescendo, todos fomos. E de repente, copo de requeijão passou a ser uma coisa feia, motivo de chacota entre os mais esnobes. Copo de pobre. Copo que pobre compra porque não tem dinheiro pra comprar outro melhor.

Copo é copo. Serve para encher de líquido e beber, nada mais que isso. Eu não vejo o motivo de preconceito contra copos. Claro que sempre haverá copos mais bonitos, como um que eu vi outro dia. Ele tinha uns reflexos azuis, um quê de bioluminescência, e o mais curioso disso é que a cor parecia vir de baixo, entretanto, quando você virava o copo para ver, a cor parecia vir dos cantos, impossível achar de onde vinha!

Copos de vidro, copos de plástico, copos de cristal, coloridos, copos de acrílico, todos copos. Quando eu crescer e tiver minha própria casa, eu vou tomar café da manhã com copos de cristal, almoçar com copos de plástico e servir copos de requeijão para as visitas. Algumas pessoas com certeza vão rir, ou falar que é falta de educação, mas no fim, qual é mesmo a grande diferença?

De qualquer jeito, eu continuo achando fantástica a idéia dos copos de requeijão.